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Um rei muito bom

Ivone Boecha

publicado em 08/09/2010

Ivone Boechat de Oliveira é bacharel em Direito, pela Universidade Cândido Mendes; Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Educação, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e Mestre em Educação e PhD em Psicologia da Educação, pela Wisconsin International University, dos EUA. É membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes, em Duque de Caxias/RJ

Conta-se que um fanático rei mandou construir uma cama de ouro, muitíssimo valiosa, adornada com milhares de diamantes e mandou que a colocassem no quarto de hóspedes do palácio. Sempre que havia convidados, o rei elogiava a cama e dizia do prazer que sentia por
receber pessoas tão ilustres. Porém, existia uma condição: o convidado teria que se encaixar na cama que fora fabricada sob medida. Se fosse gordo, o hóspede deveria ser cortado para caber na cama, com a desculpa do preço e do valor da cama.

Era impossível encontrar alguém que se ajustasse ao tamanho do leito real, porque o homem médio não existe e o móvel do político-rei era de tamanho único, mesmo sabendo que as pessoas são muito diferentes.
Sendo o rei matemático, mandou medir a altura de todos os cidadãos e dividiu o resultado entre os habitantes da cidade, assim obteve o tamanho do homem médio.

Na cidade havia pequenos, gente jovem, gente idosa, pigmeus, gigantes, porém o homem mediano não havia. E a cama do rei continuava matando o gordo, o magro, o baixo, o alto… O rei não tinha culpa nenhuma, ele tinha o maior prazer de receber as pessoas, elas eram culpadas, porque
não cabiam na cama preciosa do rei. Tão hospitaleiro e tão bom! Ele tinha uma equipe de funcionários aptos para esticar o baixinho até caber na cama. Cabia morto, claro! Eram muito esforçados aqueles funcionários públicos, mas se o homem era baixinho, a culpa não era deles!

Que lição se pode aprender? As políticas públicas existem, lindas, perfeitas, humanas, caríssimas, preciosas! Só que o cidadão não se ajusta a elas; eles não se encaixam nos hospitais abarrotados e com filas de espera, não se encaixam nas escolas sem professores, não se encaixam nas ruas infestadas de bandidos soltos, atirando pra todo lado, mas o rei tem o maior prazer de fazer o enterro do hóspede de graça – de graça não – toma o dinheiro do baixo, do gordo, do magro, do alto e o investe num cemitério pobre, cheio de mato, abandonado e triste, sem
flores. O defunto é culpado, porque não tem dinheiro para fazer um plano de saúde e um plano pós-vida. Que culpa tem o rei?

A educação, sim, essa é a culpada! Por que não se educam pessoas capazes de avaliar políticas públicas oferecidas por determinadas pessoas?

 

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