Poliana Fabíula Cardozo Turismo

Uma reflexão acerca da avaliação de potencial turístico:sua relevância para o planejamento do turismo, e a carência destes estudos no âmbito público municipal

Joélcio Gonçalves Soares, Poliana Fabíula Cardozo
publicado em originalmente em 05/10/2009 como <www.partes.com.br/turismo/poliana/potencialturistico.asp>

Poliana Fabiula Cardozo é bacharel e Mestre em Turismo (Unioeste/UCS), doutoranda em Geografia (UFPR). Docente da disciplina de Planejamento e Organização do Turismo para a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Irati, Pr) e pesquisadora na modalidade continuada na mesma IES.

A atividade turística se apresenta nos dias atuais de forma conveniente em determinadas localidades no que diz respeito à aplicação de investimentos, pela sua possibilidade de geração de capital. É vista em muitos locais como a solução para problemas de ordem econômica, contudo em alguns casos ao invés de solucionar, acaba incidindo em novas preocupações para os gestores. Tendo em vista estas situações pode-se afirmar que na atualidade o planejamento é indispensável, em qualquer atividade e/ou setor de cunho turístico. No entanto o processo em determinadas ocasiões é deixado de lado, principalmente em órgãos oficiais de turismo municipal.
Sem o planejamento a atividade turística acaba se desenvolvendo de forma desordenada, e o município pode passar a ser visto com um perfil que não condiz com sua realidade. Em alguns casos, por não saber de suas potencialidades reais, dá-se preferência a algumas atrações fracas, em detrimento de outras com maior possibilidade de desenvolvimento, ocasionalmente situações como esta ocorrem pela falta de aplicação de métodos de avaliação que iriam apontar para as atrações com maior aptidão, ou ainda por causa de interesses idôneos por parte dos gestores municipais.
Outro fato que ocorre é o dos gestores públicos que usam da palavra potencial de forma indevida em seus discursos, quando afirmam sobre a incalculável potencialidade turística que o município possui, na maioria dos casos sem saber a que se referem, acabam criando uma imagem sobre o local, como se o município já fosse apto a desenvolver a atividade e receber turistas, só que normalmente a realidade é bem distinta. No entanto, como se pode dizer que um município possui potencial turístico se não foi efetuada nenhuma pesquisa que permitisse tal afirmação?
É com base nestas inquietações que se apresenta esta reflexão, que tem o intuito de fomentar discussões sobre a avaliação de potencial turístico, entre outros temas relacionados, e também o de motivar novas pesquisas acerca da temática, por saber das necessidades de mensurar o potencial turístico de uma localidade, sabendo da importância deste estudo para o planejamento turístico, enquanto elemento norteador para o processo.

PLANEJAMENTO TURÍSTICO
As definições de planejamento são diversas, como sabe-se o turismo é uma atividade eminentemente social, que não permite estudos similares aos das ciências exatas sendo assim cada autor coloca seu ponto de vista quanto ao processo. Um dos conceitos que toma-se para esta seção é o de Ruschmann, (2004, p. 83) que dispõem de forma sucinta que o processo “é a atividade que envolve a intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar objetivos propostos”. Já Barretto (2005, p. 30) aponta que o processo é “[…] um mecanismo orientado para um futuro desejado, com os meios efetivos para tornar este futuro uma realidade”, ou seja, para as autoras o processo parte da premissa da existência de uma intenção, tanto de um órgão público ou da iniciativa privada de fomentar o turismo em determinado local, porém para isto serão necessárias condições e meios para tal ação, que começa pela existência de recursos com potencial, passíveis de desenvolvimento, para que através do planejamento sejam alcançados os anseios intencionados nos objetivos e torná-los realidade. Para complementar esta reflexão Petrocchi (2009, p. 2) coloca que o
planejamento do turismo deve considerar todas as formas possíveis de contribuição ao bem-estar dos moradores e desenvolvimento integral do destino. Porque o turismo não é um fim em si mesmo e nos núcleos receptores existem as aspirações da sociedade e outras atividades econômicas.

Vistas as considerações acima e lançando um olhar sobre a atividade, o planejamento se configura como ferramenta primordial de base, para que a atividade se desenvolva de forma ordenada, e sem acarretar danos ao espaço trabalhado. Pois é com medidas racionais e previstas que se trabalha em harmonia, ainda que relativa, com o meio, de modo a preservar o turismo do próprio turismo e para o turismo, prevenindo os impactos nocivos a atratividade dos recursos, otimizando o uso dos espaços, e dessa forma maximizando os benefícios, quer sejam estes a entrada de renda para as localidades, a melhora da qualidade de vida da população residente e a valorização da cultura local (SOARES e CARDOZO, 2008).
Ainda tendo em vista a importância do planejamento, pode-se citar sobre a visão futura que o processo proporciona, fazendo com que muitos problemas sejam solucionados no momento de planejar, mais um ponto relevante que faz com que seu uso se torne inevitável, pois prima pelo desenvolvimento ordenado da atividade turística.

AVALIAÇÃO DE POTENCIAL TURÍSTICO
A problemática da avaliação de potencial de espaços para o turismo vem sendo abordada há certo tempo, no entanto são poucos os estudiosos que se arriscam a pesquisar sobre o tema, problema que se deve a falta de material para tal trabalho e a sua complexidade. Como coloca Smith (1992, apud ALMEIDA, 2006, p. 34), sobre os problemas que cercam a investigação descritiva de lugares, afirma que
o problema de nomear, descrever e classificar os recursos recreativos e sua exploração é um problema complexo e de múltiplas facetas e que, embora todos os pesquisadores concordem com tal afirmação, todos eles estão de acordo também com tal necessidade, porém não coincidem quanto à utilização de um sistema único de classificação.

Ainda pesa sobre o problema da avaliação de potencial a diversidade de recursos que podem e devem ser avaliados, sabendo que cada um apresenta aspectos intrínsecos de acordo com suas tipologias. Outro ponto é o que diz respeito a subjetividade da análise de recursos, como exemplo pode-se tomar as paisagens enquanto atrativo turístico, ou ainda o valor de um atrativo perante outro de características similares, onde o olhar do planejador é fator determinante no resultado final da avaliação. Pires (2001, apud SILVA 2007, p. 28) afirma que mesmo sendo um mecanismo de intensa discussão entre os diversos ramos do turismo, geralmente, sem a clareza necessária nas suas propostas ou definições de métodos, a avaliação do potencial turístico de um dado lugar pode ser realizada a partir de inúmeras variáveis, sejam elas concretas ou abstratas que, geralmente, estão associadas aos aspectos naturais e socioculturais de relevância estética nos recursos e também na paisagem.
Para Almeida (2006 p. 216) potencial turístico pode ser entendido como
a existência de condições objetivas favoráveis da oferta turística, dos aspectos normativo-institucionais e de outros fatores complementares capazes de viabilizar, por meio do adequado planejamento, uma exploração turística sustentável destinada a satisfazer uma demanda atual ou latente.

Ignarra (2003, p. 85), discorre que a avaliação do potencial das atrações se dá juntamente com o planejamento, na etapa do estudo diagnóstico da localidade e dos recursos, que é o exame de todos os componentes do turismo tanto do ponto de vista efetivo, quanto do ponto de vista potencial.
Já Leno Cerro (1993) faz alusão à avaliação de potencial enquanto um ponto chave no estudo de qualquer localidade quer seja turística, ou que tenha o desejo de desenvolver a atividade. Quanto ao estudo (LENO CERRO, 1993, p.51) aponta que
Os métodos de classificação e inventário dos recursos constituem os primeiros passos na análise do potencial turístico de uma zona, facilitando a identificação daqueles elementos ou atividades que tenham certo poder atual ou potencial para atrair a demanda turística. Certamente, o valor real do potencial turístico de uma área não se mede unicamente pelo número de atrativos que reúne, mas sim pela qualidade destes.

No entanto para medir qual é o potencial turístico de determinado local, faz-se necessário avaliar os recursos que o compõe, a começar pelos atrativos, sendo assim identificado e classificado o atrativo turístico, deve ser avaliado para estabelecer o seu valor e hierarquizá-lo para determinar a sua importância turística dentro do contexto municipal, regional ou nacional (PARANÁ, 2005).
Torna-se necessário também avaliar os equipamentos que estão instalados, assim como as vias acesso, transporte, de forma geral, todas as facilidades que agregam valor ao atrativo e permitem a estadia do turista na localidade.
Assim sendo, a avaliação e análise de potencial turístico, sinaliza para o planejamento da atividade como critério balizador, tendo em vista a prática de ações futuras nos locais que almejam desenvolver o turismo, sabendo da realidade local e dos desafios a enfrentar, porém utilizando o processo e trabalhando de acordo com as especificidades dos espaços, sem cometer erros que possam afetar a atratividade das atrações.
Trata-se da busca, através de argumentos metodológicos, de dados e fatos conferidos de fundamento científico que comprovem as particularidades da localidade, estas que darão formas ao planejamento, e nortearão as ações suscetíveis a seu implemento.

 
REFLEXÃO ACERCA DA AVALIAÇÃO DE POTENCIAL SUA RELEVÂNCIA PARA O PLANEJAMENTO TURÍSTICO E A FALTA DESTES ESTUDOS NO ÂMBITO PÚBLICO MUNICIPAL

O turismo é visto na sociedade contemporânea como uma atividade que transforma lugares, que traz benefícios de ordem econômica e que movimenta divisas dentro de um país. No entanto se pensado de um ponto de vista mais apurado, nota-se no que tange às suas dimensões, certa complexidade, já que envolve inúmeros fatores, onde alguns podem ser manipulados pelo próprio gestor da iniciativa privada, e aqueles que são de responsabilidade pública, cabendo citar os fatores sociais que são parte dos principais e os mais difíceis de serem controlados.
Tomando por base a metodologia de Almeida (2006), entende-se como de fatores de ordem privada: equipamentos e serviços turísticos ou infraestrutura turística, que às vezes podem ser geridos pelo poder público, como por exemplo em um Parque Nacional, Estadual ou Municipal, ou qualquer outro espaço que seja desta iniciativa; e os de ordem pública: transporte, saneamento básico, acessos ou infraestrutura básica e de apoio e ainda gestão de órgãos oficiais de turismo. Por meio de um trabalho coerente e organizado das duas iniciativas é que poderão ser alcançados os resultados sociais.
As linhas de trabalho das iniciativas são distintas, como cita Ruschmann (2004, p. 83 – 84)
O planejamento de uma organização comercial (privada) tem como objetivo principal o lucro, que pode ser medido objetivamente, ao passo que os órgãos públicos não visam lucros, e seus resultados não podem ser medidos por indicadores qualitativos.

Ou seja, o poder público deve ter como principal objetivo o bem estar social das comunidades receptoras, com agregação da renda, e a proteção dos ambientes onde a atividade se desenvolve, enquanto a iniciativa privada quer ver o capital investido, voltando para empresa através de seus trabalhos, se tornando uma atividade lucrativa.
Desta forma, no que se trata a alcance de objetivos, quem tem maior dificuldade é o poder público, já que trabalha com elementos intangíveis, que somente serão sentidos pelos beneficiados após um determinado tempo, ainda podendo ser benéfico para alguns e para outros não, onde entra a variável pessoal de cada indivíduo, e o que cada um espera com a atividade. São objetivos permeados por fatores qualitativos, mais difíceis de serem notados, medidos e solucionados.
Já para a iniciativa privada não deixa de ser difícil, mas nota-se mais facilidade, no entanto que ela também depende do trabalho da outra iniciativa para lhe dar suporte com o que for necessário e de sua responsabilidade, de toda forma, esta iniciativa trabalha mais voltada a números, ou seja, resultados quantitativos, mais fáceis de serem medidos, solucionados e atingidos.
Não obstante, no que diz respeito ao turismo, vê-se as duas iniciativas tendo que andar juntas, cada uma cumprindo sua parte dentro da atividade, unindo infraestrutura turística à básica, formando o produto turístico.
Contudo, um fato que vale ressaltar, é o de os órgãos oficiais de turismo municipal não disporem de dados concretos advindos de pesquisas e documentos como o inventário turístico, por meio do qual ocorre a “[…] identificação dos atrativos, equipamentos, serviços e infraestrutura que serão analisados, quantificados e qualificados” (VELOSO 2003, p. 96) e do estudo diagnóstico, onde se busca identificar e se “descreve a situação atual da destinação com base nos fatos, nas estatísticas e no seu histórico, obtidos pelo inventário”. (RUSCHMANN, 2004, p. 160)
Estes estudos apontam a situação do município e norteiam o planejamento da localidade. A falta destes, em alguns casos, acaba influenciando e incentivando a iniciativa privada a trabalhar com o turismo. O que ocorre, é que pela inexistência destes documentos, muitos gestores vão pelo discurso, já que é praxe ver políticos em suas falas mencionar sobre o potencial turístico que o município possui, porém, habitualmente, não houve nenhum estudo, de onde viriam resultados que comprovariam ou argüiriam tal afirmação.
De fato, muitas são as realidades locais quando se fala em turismo. No entanto, em algumas ocasiões estas realidades são vistas de forma simplista, e expressada em uma palavra: potencial. Como cita Almeida (2006, p. 17) em sua tese doutoral, onde discute sobre esta mesma inquietação, “[…] se se parte da premissa de que “potencial” aproxima-se de “possível”, como consta dos dicionários, então é possível admitir que tudo é potencial!”.
Se considerado como possibilidade, em se tratando de turismo, pode se entender como potencialidade, a existência de recursos com poder de atratividade passíveis de desenvolvimento, a existência de facilidades, como vias de acesso e equipamentos de apoio, ou seja, uma gama de condições que podem possibilitar o trabalho da atividade. Só que cabe ressaltar, se é uma possibilidade não deve ser encarada como algo concreto, pois muitos quando usam desta terminologia, fazem criar-se um imaginário de um local, como se este estivesse apto para receber turistas.
Porém, muitos são os gestores que falam em potencial turístico, já, são raros os que tentam mensurá-lo. As ações necessárias para tal fim, demandam tempo e variados estudos, a começar por um inventário da oferta turística bem estruturado, onde devem se encontrar descritos, os atrativos e recursos turísticos, e as facilidades que são de responsabilidade pública e privada.
Após a etapa do inventário, a localidade deve partir para o estudo diagnóstico da localidade, juntamente com o qual se dá a avaliação de potencial. Uma das principais fases deste estudo é o da avaliação e hierarquização dos atrativos, que ocorre com base no inventário turístico, onde estão identificados e classificados os atrativos e recursos turísticos segundo suas tipologias e abrangências, a partir disso o trabalho é desenvolvido, para determinar a importância turística de cada um dentro do contexto municipal, regional ou nacional (PARANÁ, 2005).
A avaliação é relevante para poder atribuir à importância do atrativo com relação a outros de características similares, ou da mesma categoria, e para se saber o que é atrativo e o que é recurso. Este estudo orientará a avaliação de potencial, uma vez que esta tem por base inicial em sua aplicação os atrativos e não os recursos.
Sendo assim Ruschmann (2004, p. 142), coloca que:
a avaliação dos atrativos determina seu potencial turístico e constitui elemento fundamental para a tomada de decisões estratégicas para uma localidade e fornece subsídios para determinar a abrangência dos projetos e a quantidade e a qualidade dos equipamentos e da infraestrutura por instalar.

Quanto à hierarquização, Beni (2002, p. 388) expõe que “é o processo que permite ordenar os atrativos de acordo com sua importância turística”, ou seja, a hierarquização auxilia sobremaneira o processo de decisões dos planejadores do turismo, pois coloca em ranking as atrações, determinando qual delas merece atenção imediata ou em curto, médio e longo prazo.
Mais uma vez cabe ressaltar, com base nas considerações feitas até o momento sobre a necessidade de os responsáveis pela atividade no âmbito municipal, e dos envolvidos no trade, estarem cientes e serem conhecedores dos estudos que nortearão o correto planejamento.
Contudo, a realidade está muito distante dos anseios de muitos planejadores, é rara a existência destes estudos feitos com seriedade e com base na realidade local, nas diversas esferas, mas principalmente na municipal. O que ocorre é que com a ausência destes trabalhos corre-se o risco de a comunidade acabar se desenvolvendo turisticamente de forma desordenada, causando impactos irreversíveis, tanto de ordem natural como também nas culturas locais, as quais em inúmeras vezes são únicas, e acabam se perdendo por falta de ações pensadas.
Outro ponto a citar é que estes estudos, sobretudo o inventário, por se tratar de áreas sociais, devem ser atualizados regularmente, pois como aponta Cardozo (2007, p. s/p)
[…] o inventário turístico deve ser atualizado periodicamente, pois assim como a demanda, a oferta é flexível, e bastante sujeita aos câmbios do mercado e da sociedade: estabelecimentos abrem e fecham e entidades se fixam ou se deslocam, por exemplo. Manter estes dados atualizados é também manter uma das principais fontes de informações do planejamento turístico confiável.

A autora (2007, p. s/p) ainda recomenda quanto à divulgação deste documento, pois este trata de dados tanto de interesse dos gestores públicos como dos privados, e também para que todo o trade turístico tenha conhecimento deste e possa usar das suas informações.
Porém, uma vez atualizado o inventário, também se fará necessário rever o estudo diagnóstico, por este ser baseado no inventário, e as variáveis acima citadas por Cardozo (2007) influenciarem também no documento do diagnóstico.
Ou seja, como o planejamento é um processo baseado em resultados, e nas análises destes, que determinarão novas ações, e sabendo que estes documentos são de base para o processo, devem estar de acordo com os dados reais, para futuramente não surgirem problemas, derivados de outros que poderiam ter sido solucionados antes da concepção do processo de planejamento em determinada localidade.
Sendo assim os estudos das realidades locais são de extrema importância para o ordenamento da atividade turística. Porém em várias ocasiões estes estudos na são efetuados ou são limitados pela falta de conhecimento dos que os fazem. E assim mesmo o turismo se desenvolve, com bases não adequadas, e dessa forma, sem a perspectiva real de um futuro com resultados positivos, e podendo ainda danificar aspectos positivos das localidades.
Os estudos em turismo devem dispor de confiabilidade desde a sua concepção. Pois como já citado, cada estudo se configura como de base para os seguintes, e esta continuidade, mantendo consistência e confiabilidade dificilmente existe. Fatos que se configuram não somente pela falta de conhecimento acerca da temática, mas também pela constante troca dos profissionais que atuam na área, nas diversas escalas do poder público.
Como nota-se a cada mandato político, o tempo de trabalho é pequeno, e muitas vezes não se dá continuidade aos estudos executados pelo gestor anterior, é como Molina (2005, p. 32) aponta quando descreve sobre os problemas enfrentados pelo planejamento:

Descontinuidade nas políticas de crescimento. Para que os resultados do planejamento se concretizem e se consolidem são necessários prazos que normalmente vão mais além do que o disponível pelo grupo político que está no poder.
Informação turística insuficiente. O planejamento é um processo de constante tomada de decisões, o qual por sua vez, está baseado em dados e informações estatísticas de um amplo espectro de atividades.
[…] Isto evidentemente, dificulta os benefícios do planejamento, uma vez que as decisões e ações ocorrem a partir de fatos parciais e inexistentes.

No momento que os gestores disporem de dados que apontarem qual é a possibilidade do município no que concerne a trabalhar o turismo, poderá se pensar com ciência no que empreender. Porém, se as situações já vistas se repetirem, onde os discursos são encarados como fato, continuará havendo o desordenamento da atividade, os impactos destruindo atrações únicas, as culturas locais sendo invadidas e perdidas com o correr do tempo, e depois com a perda do poder de atratividade, a estagnação e declínio da atividade turística.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade turística exige cada vez mais de ações partam da premissa de que o planejamento é necessário em qualquer esfera que se trabalhe o turismo, afinal muitos são os lugares onde o desordenamento e a falta do processo ajudaram na causa de danos irreversíveis, tanto no ambiente natural como nas comunidades locais, as quais esperam benefícios com a atividade, porém muitas vezes ficam com os impactos negativos.
É desta feita que o planejamento sinaliza para a atividade enquanto elemento de base, aquele que organiza, e faz com que o turismo se desenvolva tendo em vista a realidade e todos os envolvidos, trabalhando de forma responsável, com base em fatos e dados confiáveis e concretos, sem os achismos e com empirismo.
Para tanto este trabalho teve como principal intuito, o de despertar uma reflexão sobre a avaliação de potencial turístico, enquanto uma das fases do planejamento, normalmente deixada de lado, e que é um elemento norteador que aponta para o destino a sua aptidão, vocação turística, com base em metodologias e trabalhos resguardados de confiabilidade.
Esta ferramenta do planejamento turístico é de extrema importância para o bem das localidades receptoras, uma vez que sinaliza para estas, de modo a preservá-las, a partir de ações calcadas em suas especificidades e fragilidades culturais e ambientais, as quais normalmente são únicas, e tem um valor incalculável, além de que se apresentam como atrativos para a atividade turística. Sabendo disso o turismo deve não degradar, mas sim proteger sua matéria prima, que são as atrações, sem as quais este não existe.
A necessidade de pessoas que disponham de conhecimento e sensibilidade para gerir o turismo nos espaços municipais é urgente e se torna imperativa, uma vez que estas poderão estar propondo ações organizadas a partir do planejamento turístico.
A carência de percepção das realidades locais, não pode existir, pois são estas realidades que norteiam o desenvolvimento do turismo, apontando para uma singularidade local, e por que não dizer uma personalidade no que concerne a atividade turística.
Necessita-se de mais seriedade e discernimento, para apontar o que realmente se possui em mãos para ser trabalhado, o que realmente pode-se fazer, em termos de turismo, para não cair cada vez mais no esquecimento com ações inconvenientes, mas sim a partir de ações adequadas, mostra-se para o mercado turístico de forma atraente, com produtos turísticos condizentes com as limitações existentes, porém com qualidades próprias.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. Matriz de avaliação do potencial turístico de localidades receptoras. Tese de doutorado Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
BARRETTO, M. Planejamento responsável do turismo. Campinas: Papirus, 2005.
BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. São Paulo, SENAC: 2002.
CARDOZO, P. F. Metodologia de Estudo da Oferta Turística. Revista Virtual Partes (on-line): São Paulo, 2007.Disponível< http://www.partes.com.br>.
IGNARRA, L. R. Fundamentos do turismo. 2 Ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
LENO CERRO, F. Técnicas de evaluación del potencial turistico. Madrid: Ministerio de Industria, Comercio y Turismo, 1993.
MOLINA, S. Planejamento integral do turismo. Bauru: Edusc, 2005.
PARANÁ. Secretaria de Estado do Turismo. Orientações para gestão do turismo municipal. 2005.
PETROCHI, M. Turismo: planejamento e gestão. 2 Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 11 ed. Campinas: Papirus, 2004.
SILVA, F. R. A paisagem do quadrilátero ferriferro, MG: potencial para o uso turístico da sua geologia e geomorfologia. Tese de mestrado Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, 2007.
SOARES, J. G., CARDOZO, P. F. A avaliação e hierarquização de atrativos turísticos  como ferramenta para o planejamento turístico. Revista Virtual Partes (on-line): São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.partes.com.br>.
VELOSO, M. P. Turismo simples e eficiente: um guia de orientações básicas para municípios. São Paulo: Roca, 2003.

1 Acadêmico do curso de bacharelado em turismo da Unicentro/Irati. Bolsista de iniciação científica do programa da Fundação Araucária – Paic. Monitor voluntário da disciplina de planejamento e organização do turismo. E-mail: joelciosoares@yahoo.com.br
2 Bacharel e mestre em turismo (Unioeste/UCS), doutoranda em geografia (UFPR). Docente e pesquisadora continuada do curso de turismo da Unicentro/Irati.

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